Para analisar as tendências atuais e futuras da função financeira e fiscal, a EY realizou um estudo a nível global “2024 EY TFO Survey”, que abrangeu cerca de 1.600 líderes da área financeira e fiscal em mais de 32 países e 18 setores de mercado. Este estudo concluiu que as áreas financeira e fiscal necessitam de se transformar para fazer face aos desafios acima mencionados.
De acordo com este estudo, a função financeira e fiscal depara-se com um aumento da complexidade e número de obrigações estatutárias e fiscais a relatar, nomeadamente ao nível da informação que é transmitida para as autoridades regulatórias. Estes novos desafios incluem a preparação e submissão de declarações fiscais digitais em tempo real, bem como faturação eletrónica, que em breve serão obrigatórias em aproximadamente 100 países. Para além destas obrigações, as entidades terão de se adaptar e adotar, conforme aplicável, às regras relacionadas com o Pilar Dois do projeto de erosão da base tributável e transferência de lucros (BEPS 2.0), que insta os países a estabelecerem um imposto mínimo global de pelo menos 15% para grandes entidades multinacionais. Para fazer face a esta nova exigência, as entidades terão de efetuar mudanças nos seus processos de relato, sendo que cerca de 42% das entidades antecipam implementações e atualizações dos sistemas informáticos num número considerável, enquanto 82% estimam mudanças moderadas a significativas.
A falta de talento é cada vez mais um desafio crítico, cerca de 70% dos entrevistados têm a perceção de que existem menos recursos nesta área, devido à menor entrada de pessoas nestas profissões e à reforma dos mais experientes. Mais de 53% afirma que está a ter dificuldades em reter e atrair pessoas qualificadas, sendo que para 62% dos entrevistados é fundamental que os recursos tenham grau académico.
De acordo com este survey, os custos são o maior obstáculo à realização da visão e propósito definido pelas entidades. Pela primeira vez nos seis anos em que a EY efetua este survey, a pressão para redução de custos surge como a principal preocupação dos entrevistados, uma vez que os seus orçamentos em termos reais reduziram significativamente, devido a cortes acumulados ao longo dos anos e à inflação. Cerca de 49% dos entrevistados afirma que a sua prioridade é gerir eficazmente os orçamentos, enquanto 86% estão a cortar nos gastos.
Com base nstes desafios, bem como na evolução tecnológica exponencial nos últimos anos, cerca de 87% dos entrevistados acredita que a Inteligência Artificial Generativa (GenAI) impulsionará a eficiência e a eficácia da função financeira e fiscal, um aumento em relação aos 15% reportados no survey do ano passado, embora 75% reconheça que ainda está numa fase inicial de adoção desta tecnologia.
É percetível no dia a dia que a GenAI já está a revolucionar a função financeira e fiscal, apoiando na gestão de tarefas complexas de reporte e de grandes quantidades de informação. Está a capacitar os profissionais desta área a adotar uma postura transformadora, permitindo-lhes ser mais eficientes, a focar em tarefas estratégicas e a tomar decisões tempestivas e mais corretas.
Tal como referido no estudo, a falta de talento atingiu proporções que podem colocar em causa as operações das entidades, pelo que muitas entidades estão a recorrer ao co-sourcing junto de prestadores de serviços especializados, bem como a tecnologia GenAI.
A função financeira e fiscal está a evoluir constantemente como um motor estratégico na tomada de decisão dos negócios desenvolvidos pelas empresas. São claros os benefícios de modernizar a função financeira e fiscal para gerar valor, gerir riscos e reduzir custos, enquanto se verificam pressões crescentes ao nível do talento e tecnologia, pelo que não deixe para amanhã o que pode começar a fazer hoje.