Opinião

O crescimento acelerado das maiores empresas familiares a nível global

As empresas familiares que foram incluídas naquele índice geraram rendimentos de mais de 8 triliões de dólares, o que representa um aumento de 10% em relação ao mesmo Índice de 2021.  As maiores empresas familiares têm crescido quase ao dobro da taxa de crescimento das economias mais desenvolvidas e cerca de uma vez e meia a taxa de crescimento dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento. As 500 empresas que constituem o Índice empregam mais de 24 milhões de pessoas (cerca de mais 1,4% em relação a 2021) e estão distribuídas por 47 países diferentes.  O Índice destaca, mais uma vez, a enorme contribuição das 500 maiores empresas familiares do mundo para a economia global. De facto, a sua contribuição é tão significativa que, se constituissem uma economia nacional, seriam a terceira maior, logo depois dos Estados Unidos da América (EUA) e da China. Onde estão sediadas as maiores empresas familiares? Europa, Médio Oriente, Índia e África (EMEIA) A Europa tem uma forte tradição de empresas familiares, impulsionada pela Alemanha, sendo o segundo maior contribuinte do Índice em número de empresas (78).  A Alemanha continua a ser a base de quase um terço (31%) das maiores empresas familiares da região…

As empresas familiares que foram incluídas naquele índice geraram rendimentos de mais de 8 triliões de dólares, o que representa um aumento de 10% em relação ao mesmo Índice de 2021.  As maiores empresas familiares têm crescido quase ao dobro da taxa de crescimento das economias mais desenvolvidas e cerca de uma vez e meia a taxa de crescimento dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento.

As 500 empresas que constituem o Índice empregam mais de 24 milhões de pessoas (cerca de mais 1,4% em relação a 2021) e estão distribuídas por 47 países diferentes.  O Índice destaca, mais uma vez, a enorme contribuição das 500 maiores empresas familiares do mundo para a economia global. De facto, a sua contribuição é tão significativa que, se constituissem uma economia nacional, seriam a terceira maior, logo depois dos Estados Unidos da América (EUA) e da China.

Onde estão sediadas as maiores empresas familiares?

Europa, Médio Oriente, Índia e África (EMEIA)

A Europa tem uma forte tradição de empresas familiares, impulsionada pela Alemanha, sendo o segundo maior contribuinte do Índice em número de empresas (78).  A Alemanha continua a ser a base de quase um terço (31%) das maiores empresas familiares da região EMEIA.

A idade média das empresas alemãs no Índice é de 109 anos e é na Alemanha que se encontra a empresa europeia mais antiga do Índice – a empresa de ciência e tecnologia Merck KGaA.  Uma das empresas alemãs, a Schwarz Group, está entre as 10 maiores empresas familiares do mundo.

No geral, mais da metade (50,4%) das empresas do Índice estão sediadas na região EMEIA. As suas receitas combinadas são de 43,2% do valor total do Índice e com uma grande preponderância da Europa.  A Índia, com a maior população da EMEIA e a segunda maior do mundo, entrou, pela primeira vez, nas 10 maiores empresas familiares no Índice deste ano. O conglomerado indiano Reliance Industries subiu da 12ª para a 10ª posição no Índice.  A Índia é igualmente o quarto maior contribuinte do Índice em termos de receita combinada de suas empresas.

Américas

Dado seu domínio como a maior economia do mundo, não é surpresa que os EUA tenham contribuído com quase um quarto (23,6%) das empresas e mais de um terço (34%) da receita gerada pelas empresas do Índice. Somente os EUA contribuíram com 80,2% (2,72 triliões de dólares) da receita combinada gerada pelas Américas no Índice de 2023. Sete das 10 maiores empresas familiares do mundo estão sediadas nos EUA.  Apesar de ter significativamente menos empresas no Índice do que a EMEIA, as Américas quase igualaram a contribuição de receita da EMEIA para o Índice, com um total de 3,4 triliões de dólares.

Ásia-Pacífico

O número de empresas com sede na Ásia-Pacífico subiu para 79 no Índice de 2023 em comparação com 74 em 2021 – um aumento de 6,8%. Esse número vem crescendo consistentemente desde a primeira edição do Índice em 2015.  Adicionalmente, a receita combinada das empresas da
Ásia-Pacífico ultrapassou a barreira de 1 trilião de dólares pela primeira vez este ano.

Hong Kong continua a ser responsável pelo maior número de empresas familiares (18) na Ásia-Pacífico, enquanto que a Coreia do Sul continua a ser responsável pela proporção de receita (30%) da receita combinada da região de 1,16 trilhões de dólares. A maior empresa sul-coreana no Índice é o SK Group.

Que tipos de negócios compõem o Índice de 2023?

O Índice continua a ser dominado por empresas familiares no setor do consumo, que têm uma representação significativa no Índice em termos de contribuição de receita (39%) e de número de empresas (37%). Um outro setor onde as empresas familiares estão fortemente representadas é o da indústria avançada e mobilidade, que compreende 27% do Índice em termos de receita.  Este ano, o número de empresas no setor de indústria avançada e mobilidade é o maior de sempre, enquanto que o número de empresas do setor de consumo ainda está um pouco abaixo do pico de 2017. O domínio do setor de consumo é impulsionado principalmente pela sua participação das Américas no Índice (47% das empresas das Américas operam neste setor, em comparação com 19% que operam na AM&M).

Como é que está a mudar a composição do Índice?

Quase metade (47%) dos novos participantes no Índice de 2023 vem da região EMEIA, com as empresas nas Américas e Ásia-Pacífico a representar 26,5% cada.  62% das novas entradas no Índice correspondem a empresas cotadas.  Por outro lado, 16 dos 34 novos participantes no Índice (47%) operam no setor da indústria avançada e mobilidade, refletindo a recuperação do setor industrial global no pós-pandemia.

O Índice de 2023 apresenta um pouco mais de metade de empresas familiares cotadas em bolsa, representando uma ligeira subida face ao Índice de 2021.

Quem são os líderes destas empresas familiares?

As empresas familiares bem-sucedidas são habitualmente reconhecidas por serem ágeis e inovadoras e com um propósito muito bem definido.  São igualmente empresas com uma grande capacidade de adaptação às mudanças sociais e económicas, embora, tal como acontece relativamente às restantes empresas, ainda estão a fazer progressos limitados no domínio da diversidade e inclusão.

No Índice de 2023, apenas 29 empresas (5,8% do total) têm como CEO uma mulher, o que representa um pequeno aumento em relação a 2021, em que 27 empresas eram lideradas por uma mulher. As mulheres ocupam 23% dos lugares nos conselhos de administração das 500 maiores empresas familiares do mundo (25% na Europa e na América do Norte).

Os membros das famílias empresárias continuam a desempenhar um papel ativo na liderança e gestão das empresas familiares.  Em quase metade (45%) das empresas do Índice, um membro da família atua como CEO.  Quase um quarto de todos os lugares dos conselhoes de administração (23%) são ocupados por membros da família.

Adicionalmente, 19% das empresas têm um membro das gerações mais jovens da família (com 40 anos ou menos) nos seus conselhos de administração.  A idade média dos membros da família que ocupam lugares do conselho de administração no Índice de 2023 é de 62 anos, por comparação a 60 anos no Índice de 2021.

Quais são as famílias portuguesas presentes no Índice?

Apesar de as empresas familiares serem um pilar fundamental da economia portuguesa, de um ponto de vista global, a Jerónimo Martins e a Sonae são as únicas empresas portuguesas a constar do Índice, ocupando, respetivamente, o 69º e o 231º lugar, ambas pertencentes ao setor do consumo / retalho.

No caso da Sonae, a família Azevedo detém 53% do capital do grupo e, no caso da Jerónimo Martins, a família Soares dos Santos detém 56,14% do capital.  A maior empresa familiar do mundo ‑  a Walmart – pertence igualmente a setor do consumo e tem 48,9% do seu capital nas mãos da família Walton.  Estas percentagens estão em linha com a generalidade das empresas do Índice em que menos de metade das empresas mantém 100% do capital social nas mão de uma única família.

De notar que ambas as empresas portuguesas referidas, fazem parte do grupo de empresas cujo CEO pertence à família que detém a maior parte do capital.

Nota final

O Indice de 2023 vem confirmar que as empresas familiares têm sido responsáveis por uma fatia considerável do crescimento da economia mundial, tendo apresentado uma grande resiliência durante a pandemia.  É importante salientar que mais de três quartos (76%) das empresas familiares no Índice de 2023 têm mais de 50 anos. Muitas dessas empresas resistiram à volatilidade do mercado ao longo de várias gerações, confirmando que as maiores empresas familiares são capazes de manter seu sucesso e de gerir os seus processos de sucessão ao longo do tempo. A estabilidade que acompanha essa longevidade será seguramente crucial para permitir que as empresas familiares continuem a navegar no cenário de incerteza previsto para a economia global nos anos de 2023 e seguintes.